Neste domingo dia 16 de novembro de 2014, fui com minha filha de 15 anos num estádio de futebol para uma partida entre times com histórico antigo de rivalidade. Nas arquibancadas todos eram juízes, todos sabiam a melhor maneira de chutar e por onde passar. Fiquei observando o comportamento dos torcedores e torcedoras. Via a todo momento alguém chegar com diversas latinhas de cerveja e os ânimos iam cada vez mais se exaltando. O futebol em si já traz uma carga de adrenalina que faz o torcedor "vibrar" imagine regado a álcool? Hoje dia 19 de novembro, me deparei com esta noticia do G1 ES:
O primeiro passo foi dado para a volta da cerveja aos estádios do Espírito Santo. O projeto de lei que regulamenta a venda da bebida alcoólica nas praças esportivas foi aprovada por 20 dos 24 deputados estaduais presentes na sessão ordinária realizada na Assembleia Legislativa, na tarde desta segunda-feira.
Com a aprovação, o texto será encaminhado para apreciação do governador Renato Casagrande, onde ele será sancionado e publicado, virando lei, ou vetado. A deputada Lúcia Dornellas (PT), autora da matéria, comemorou o resultado e afirmou que a venda de cerveja deve alavancar o esporte capixaba através de apoio e patrocínio de empresas do ramo.
- Nosso objetivo é ajudar o futebol capixaba e não existe futebol sem torcedor. Além de levar o torcedor para dentro do estádio, essa medida também atrai o patrocinador. Precisamos nos unir para alavancar o esporte e voltar aos bons tempos. Então essa foi uma pequena contribuição da Assembleia - declarou a deputada, que também afirmou que o projeto deve ser encaminhado ao governador até o fim desta semana.
Quem também votou a favor pela volta da comercialização da cerveja nos estádios capixabas foi o deputado Roberto Carlos (PT). No entendimento do parlamentar, o projeto visa aumentar a média de público nos jogos.
- Nós entendemos que a aprovação do projeto possibilita inclusive atrair cervejarias para patrocinar, o que seria uma forma a mais de viabilizar economicamente os clubes do estado. A Assembleia Legislativa não poderia negar isso, mesmo que ainda seja pequeno, mas é um passo a mais para trazer o torcedor de volta aos estádios - declarou o deputado.
Sinceramente acho que bebida alcoólica e esporte não combinam, muito menos com torcedores inflamados. Procurei alguns artigos que falam um pouco sobre o álcool no organismo.
O efeito do álcool no Cérebro
Um dos primeiros efeitos do álcool é uma leve sensação de relaxamento e bem-estar. Mas, dependendo da concentração encontrada no sangue, essa sensação pode se transformar em irritação e agressividade. Em poucos minutos, o álcool também provoca perda dos reflexos, prejuízo de julgamento e alteração da memória, entre outros.
Veja um trecho de uma entrevista do Dr. Drauzio Varella com o Dr. Ronaldo Laranjeira que é médico, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Escola Paulista de Medicina na Universidade Federal de São Paulo e com PhD em dependência química na Inglaterra.
Drauzio – O bêbado é sempre muito emotivo.
Ronaldo Laranjeira – Fica muito emotivo e chora com facilidade. Essas diferenças de ação do álcool variam muito de pessoa para pessoa de acordo com a química cerebral de cada uma.
Drauzio – Os estágios são sempre os mesmos? Primeiro o álcool age sobre a química que produz relaxamento e depois caminha por outros circuitos cerebrais?
Ronaldo Laranjeira – Nem todo o mundo reage da mesma forma. A maioria responde a baixas doses de álcool com relaxamento leve e agradável. Uma minoria, porém, mesmo com baixas doses, fica muito violenta. Meio copo de cerveja pode desencadear reações totalmente descontroladas. É o que se chama de intoxicação patológica.
Comentando a resposta do Dr. Ronaldo: imagine então um torcedor que já se encontra alterado em virtude do resultado do jogo e ainda alcoolizado? Quer agredir o juiz, o bandeirinha, o jogador, o torcedor adversário, etc.
ÁLCOOL E MEMÓRIA
Drauzio – Quais os efeitos do álcool sobre a memória?
Ronaldo Laranjeira – Os danos que o álcool produz a médio e longo prazo no organismo são os mais importantes. As pessoas em geral se preocupam com o efeito do álcool no fígado, mas o dano que ele provoca no cérebro, especificamente na memória, é muito mais grave e mais comum. Exames neuropsicológicos que avaliam a memória e outras funções cerebrais em pessoas não necessariamente dependentes de álcool, mas que tomam três doses de uísque por dia, comprovam a existência de danos sutis na memória e na rigidez do pensamento, que elas não percebem ou atribuem ao processo natural do envelhecimento. A evolução pode ser lenta, mas o uso nocivo do álcool dentro desse padrão médio de consumo já acarretou com certeza distúrbios cerebrais.
Espero sinceramente que não seja permitido venda de bebida alcoólica nas praças esportivas. Quando se fala de um Maracanã, sabemos de toda infra-estrutura com segurança, agora, imagine um jogo num estádio onde o torcedor consegue pular pra dentro do campo?
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