A Lei Antifumo, que proíbe fumar
em locais fechados — públicos ou privados — e acaba com os tradicionais
fumódromos, entra em vigor nesta quarta-feira (3) em todo o Brasil. Os
estabelecimentos comerciais que desrespeitarem a norma podem ser multados e até
perder a licença de funcionamento.
Com a
vigência da lei 12.546, aprovada em 2011, mas regulamentada em 2014, fica
proibido fumar cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos em
locais de uso coletivo, públicos ou privados, como hall e corredores de
condomínio, restaurantes e clubes, mesmo que o ambiente esteja parcialmente
fechado por uma parede, divisória, teto ou até toldo.
Para
especialistas, a medida é um avanço no combate ao hábito de fumar. Pouco mais
de 11% da população brasileira é fumante.
Imagem de câncer de pulmão: 90% dos casos da doença têm relação com o tabagismo
Onde
pode fumar?
Será
permitido fumar em casa, em áreas ao ar livre, parques, praças, em áreas
abertas de estádios de futebol, em vias públicas e em tabacarias, que devem ser
voltadas especificamente para esse fim. Entre as exceções também estão cultos
religiosos, onde os fiéis poderão fumar, caso isso faça parte do ritual.
Nas
Américas, segundo a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), 16 países já
estabeleceram ambientes livres de fumo em todos os locais públicos
fechados e de trabalho: Argentina, Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Equador, Guatemala, Honduras, Jamaica, Panamá, Peru, Suriname, Trinidad e
Tobago, Uruguai e Venezuela.
Dados do
Inca (Instituto Nacional do Câncer) mostram que cerca de 90% dos casos de
câncer de pulmão, o mais comum de todos os tumores malignos, estão relacionados
ao tabagismo. A instituição estima que em 2012 foram diagnosticados mais de 27
mil novos casos da doença, considerada “altamente letal”.
Segundo o
epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, o
hábito de fumar está ligado não só a cânceres no aparelho respiratório, mas
também a outros como de bexiga e intestino e pode causar outras doenças, como
hipertensão e doenças reumáticas.
— A gente
sempre associa o hábito de fumar ao câncer, mas não é só o câncer, são quase 50
doenças que ele pode causar, direta ou indiretamente.
Scaff
lembrou que os males podem atingir a pessoa que fuma e a que está ao lado, o
fumante passivo.
O
epidemiologista conta que, enquanto no fim da década de 80, uma pesquisa apontou
que cerca de 35% da população adulta era fumante, esse número hoje gira em
torno de 11%. Para ele, essa redução também se deve à legislação, que impede
que as pessoas fumem em qualquer lugar, e às limitações de propaganda.
— A
entrada em vigor da Lei Antifumo vai limitar o lugar onde a pessoa pode fumar,
isso já não permite que ela fume a todo momento. Só para lembrar, um tempo
atrás, você podia fumar em avião, no ambiente de trabalho, dentro do cinema, em
qualquer lugar podia puxar o cigarro.
O especialista
alerta que as pessoas precisam entender que o hábito de fumar é um vício, uma
doença que precisa de tratamento. Ele ressalta que a rede pública disponibiliza
em todo o Brasil medicamentos e insumos necessários para quem quer parar de
fumar. (fonte R7)
FUMANTE PASSIVO
O tabagismo
passivo corresponde à exposição de pessoas não fumantes ao ar contaminado pela
fumaça do cigarro. O cigarro em combustão libera mais de 4.000 substâncias
químicas, capazes de irritar os olhos e as vias respiratórias. A fumaça do
cigarro também contém mais de 50 agentes capazes de provocar câncer em animais
e no ser humano.
Não
existe nenhum nível seguro de exposição ao tabagismo passivo. Mesmo pequenas
exposições podem trazer riscos à saúde, aumentando a ocorrência de doenças e a
mortalidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a fumaça do cigarro
presente no ar ambiente também é considerada um agente cancerígeno.
Os
principais locais de exposição ao tabagismo passivo são a residência e o
ambiente de trabalho. A intensidade da exposição depende do número de cigarros
fumados, do tamanho do local, da circulação do ar no ambiente e da duração do
tempo de exposição.
Nas
restaurantes, bares e casas noturnas o índice de exposição à fumaça do cigarro
também é elevado. Nos espaços reservados para fumantes, mesmo havendo
ventilação adequada, a concentração de agentes tóxicos no ar é muito elevada.
Vários
estudos recentes confirmaram a existência de riscos para a saúde associados ao
tabagismo passivo. Foi demonstrado que o tabagismo passivo pode causar as
mesmas doenças provocadas pelo tabagismo ativo, incluindo câncer de pulmão,
outras doenças respiratórias e cardiovasculares.
A
cotinina é uma substância que pode ser dosada no sangue e indica a intensidade
de exposição ao tabagismo. Foi demonstrado que as pessoas expostas ao tabagismo
passivo têm níveis elevados de cotinina no sangue. Nas crianças, os níveis de
cotinina no sangue são maiores quando os pais fumam. Quando a exposição é
intensa e/ou prolongada, como no ambiente doméstico e no trabalho, os níveis de
cotinina podem ser muito elevados, a ponto de aumentar o risco de câncer de
pulmão.
Os não
fumantes costumar sentir incomodados quando expostos ao tabagismo passivo.
Estas pessoas podem apresentar irritação nos olhos, dor de cabeça, dor na
garganta, enjôo e dificuldade respiratória. Mesmo a exposição de curta duração
pode ser prejudicial.
O
tabagismo passivo é especialmente perigoso na gravidez, podendo prejudicar o
crescimento do feto e aumentar o risco de complicações durante a gravidez e o
parto, tais como a morte fetal, o parto prematuro e o baixo peso ao nascer. Os
recém-nascidos e as crianças pequenas também são muito prejudicados. As
crianças expostas à fumaça do cigarro têm maior risco de morte súbita,
bronquite, pneumonia, asma, exacerbações da asma e infecções de ouvido. O risco
para a criança é maior quando a mãe ou o pai são fumantes. O crescimento das
crianças também pode ser prejudicado.
Nos
adultos, o tabagismo passivo pode provocar doenças crônicas e aumentar a mortalidade.
O tabagismo passivo no ambiente de trabalho aumenta o risco de câncer de pulmão
em 12 a 19%. Este risco aumenta com o número de anos e a intensidade da
exposição. A presença de um fumante no ambiente doméstico aumenta o risco de
câncer de pulmão em 20 a 30% para os não fumantes. Quando a exposição é
interrompida, ocorre diminuição gradual ao longo do tempo.
A
exposição prolongada ao tabagismo passivo piora a função pulmonar. O tabagismo
passivo também está associado a outras doenças respiratórias, sendo um
importante causador de agravamento para pessoas com asma, alergias e doença
pulmonar obstrutiva crônica (bronquite crônica e enfisema pulmonar). O
tabagismo passivo também diminui a capacidade para o exercício.
A
convivência com um fumante aumenta o risco de doenças cardíacas coronarianas em
25% a 30%. O tabagismo passivo aumenta o risco de aterosclerose e diminui o
colesterol bom, mesmo nas pessoas jovens. Estas alterações aumentam o risco de
doenças cardiovasculares. Existem cada vez mais indícios de relação entre o
tabagismo passivo e o derrame cerebral. Mesmo exposições pequenas podem ter
consequências sobre a coagulação do sangue, favorecendo a ocorrência de
trombose. As pessoas com doenças cardíacas podem sofrer arritmias, diante da
exposição à fumaça do cigarro. O risco de infarto do miocárdio também aumenta.
Estudos
recentes indicam que a exposição ao tabagismo passivo aumenta o risco de perda
da visão, por degeneração da retina. O tabagismo passivo também aumenta o risco
de morte. O ar contaminado pela fumaça de cigarro, em casa ou no trabalho, é a
terceira principal causa de morte prematura evitável, perdendo apenas para o
consumo voluntário de cigarro e o alcoolismo.
A
prevenção da exposição passiva à fumaça do cigarro é um passo muito importante
para evitar doenças pulmonares, cardiovasculares e mortalidade. Várias medidas
podem ser tomadas no ambiente doméstico, no trabalho e no lazer para diminuir
estes riscos.
Os
fumantes devem ser conscientizados sobre os prejuízos que causam à saúde das
outras pessoas. O uso de cigarro no ambiente doméstico deve ser evitado. Mesmo
conhecendo os riscos, se os pais optarem por continuar fumando, o melhor é não
fumar dentro de casa, nem na proximidade das crianças.
Nos
ambientes de trabalho em que foi proibido o uso de cigarros, foi observada uma
redução significativa nos níveis de nicotina no ar. As empresas devem
incentivar os hábitos de vida saudáveis pelos funcionários e criar medidas de
apoio ao fim do tabagismo.
Os
ambientes de lazer também são locais de grande exposição à fumaça do cigarro. É
importantes que os bares, restaurantes e casas noturnas criem estratégias para
diminuir a exposição ao tabagismo passivo.
Já é bem conhecido que o hábito de fumar traz muitos malefícios
à saúde das pessoas. É importante salientar que as doenças produzidas pelo
tabagismo também podem acometer pessoas que nunca fumaram, mas tiveram
exposição ao tabagismo passivo. Estes efeitos são especialmente graves nas
gestantes, nas crianças e nas pessoas com problemas respiratórios e
cardiovasculares.
Então, fique atento: se você é tabagista, lembre-se de que você
pode ser responsável pelo adoecimento das pessoas do seu convívio, em casa, no
trabalho e no lazer. Se você não fuma, evite ambientes contaminados pela fumaça
do cigarro. (fonte: boasaúde)
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